ainda uso Instagram e, às vezes o Twitter, mas não aguento mais redes sociais. Estou em crise! Não consigo sair delas porque não quero abrir mão do contato com as pessoas que eu gosto de saber como estão, mesmo que não falemos mais. Sou dessas. E nem é para fazer fofoca - ok, às vezes é sim, mas eu não sou super fofoqueira. Também não sou paranóica da edificação, mas nem só de bobaginha eu me alimento.
(a superexposição da *semi* nudez feminina pelos algoritmos também me incomoda muitíssimo, mas hoje não é sobre isso)
no meio desse evento catastrófico que estamos vivendo desde o começo de 2020, precisei muitas vezes me proteger das informações porque não tive maturidade ou condições emocionais para lidar com elas. E esse jeito de me proteger também me incomodava porque não quero me alienar completamente, ainda que eu nunca tenha tido profundidade no caderno de política. Aliás, talvez por isso mesmo evitei os noticiários. Saber de algo pela metade pode ser devastador de diversas formas.
pois é, evitei.
não moro em cima do muro, mas política não é minha pauta. Ninguém jamais abriu o meu perfil no Instagram para ver quais notícias politizadas eu ia compartilhar. E, aliás, essas replicações de conteúdo me irritam. Acho que é por causa do algoritmo que eu vejo muito conteúdo repetido. Os meus amigos que também seguem e compartilham posts do Intercept, por exemplo, sempre aparecem para mim. É chato, embora eu concorde e endosse a pauta que apoia o impeachment do atual presidente e que considera-o um genocida maldito.
esses dias eu até entrei nessa roda-dança com o vídeo da pãfaizãr do @essemenino. Repostei o vídeo original e mais outro, assim como todas as pessoas do meu círculo. Só teve uma amiga que não tinha visto quando estávamos trocando as figurinhas no Whatsapp, mas logo ela também entrou na roda. Fiquei pensando sobre isso: todo mundo compartilhou o vídeo e todo mundo segue compartilhando conteúdo político, principalmente sobre a pandemia. Que chato, né? Só tem esse assunto.
e aí me dei conta de que sim, é chatíssimo. Mas ainda não é tão chato quanto o que está acontecendo no país.
diante do tamanho do absurdo que está acontecendo no Brasil, realmente não dá para falar de outro tema, mesmo quando não é a nossa pauta. Eu, por exemplo, gosto de falar das coisas que a gente passa por ser mulher, das minhas próprias desventuras, dos filmes que me ensinaram algo para viver melhor, das coisinhas despercebidas que são uma delícia de escrever/ler.
mas, eu também não consigo evitar falar da situação do Brasil, porque estamos diante de uma opressão que é contra a nossa existência, contra a nossa felicidade, contra tudo que é bom, positivo, saudável, gostoso, alegre, de bem. O mal venceu, está no poder e tem feito coisas terríveis contra as pessoas. Contra todas: as do bem e as que negam o que está acontecendo e fingem normalidade para não perder a razão. É por isso que a gente usa a palavra negacionismo atualmente (nem lembro de ter ouvido esse termo antes de 2018).
como sempre, sou otimista e esperaçosa. Torço para que em breve a gente não seja mais obrigada a falar tanto disso. Que a gente possa seguir cidadã responsável sem tornar esse o único assunto da praça. Porque as pautas políticas são sempre importantes, mas nem sempre elas precisam ser praticamente as únicas.
por ora, precisa ser assim.
beijos e boa semana.
ainda estou de férias desta newsletter, mas hoje senti vontade de falar com vocês. A volta oficial está marcada para o dia 25 de julho. Me aguardem.