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eu tinha um crush adormecido e a gente só se falava pelo Instagram. Eu, boba nem nada, dava em cima sem me preocupar (curtia todas as selfies, rs) porque ele morava na Finlândia, que pra mim era tipo Marte.
Até que um dia ele me disse que estava indo pro Brasil. E foi assim que eu vim parar em Helsinki.
Mudar de país foi maravilhoso por mil motivos mas, principalmente, porque é muito legal quando você se apaixona por alguém que mora muito longe e consegue fazer o relacionamento dar certo. A migração levou mais de um ano para se concretizar, então vocês imaginem a alegria quando cheguei aqui de vez. MAS, apesar da sorte no amor, a adaptação não está sendo só pãozinho doce.
Antes de decidir vir pra cá, eu visitei Helsinki duas vezes para entender um pouco mais da cidade e ter uma sinopse de como seria viver em outro país. De cara, já percebi que o idioma e o frio seriam os maiores desafios, nessa ordem. A única coisa que eu não previ foi que sentiria tanta falta dos meus amigos e isso provavelmente ficou acentuado porque eu não trabalho e nem estudo presencialmente.
VITAMINA D & VÁRIAS CAMADAS DE ROUPA
Cheguei aqui em julho, aproveitei um pouco do verão, vi a chegada do outono e depois do inverno. A mudança de clima não é lenta e, quando chega perto da transição de estação, dá para perceber que um dia não é igual ao outro. O sol começa a ir embora mais cedo e - do nada - tá trabalhando só meio expediente: nasce às 9h30 e vai embora às 15h30.
Um dia, no começo do inverno, eu tava voltando pra casa à noite e ainda não tinha muita neve. Fui vestindo a luva enquanto andava, mas ela não estava entrando porque a minha mão fica meio inchada depois do treino. Eu quis chorar de raiva porque eu não gostava de luvas e eu odeio ter que usar tantas roupas sempre que vou colocar o pé fora de casa.
Tentei me acalmar como quem acalenta uma criança e mostrei para mim mesma como a neve fininha brilhava à luz da lua: olha, parece glitter. Respirei com calma e entendi que ia ter que encarar o clima extremo de outro jeito. Me deixei levar pela magia da neve-purpurina, ao invés de implicar com o frio e com a escuridão e aprendi que vivenciar a natureza com tanta intensidade é um presente.
Como se adiantasse, coloquei a fadiga e tristeza inesperada na conta da pandemia ou da vitamina D que eu esqueci de tomar por dois ou três dias. Quando me senti muito muito triste culpei a falta de amigas por perto, mas acho que a culpa era da escuridão porque agora tem sol e saudade, mas a tristeza foi embora.
Dentro de casa, aprendi a fazer bonequinhos de feltro, tomei muito chocolate quente com canela, comi um monte de pulla e fiquei fera em Carbonara. Um amigo me falou sobre uma lâmpada terapêutica que ajuda a lidar com os sintomas de winter blues e SAD, e eu acho que ela ajudou. De toda forma, no próximo inverno, vou experimentar patinar no gelo ou esquiar, e espero conseguir fugir pro Brasil por algumas semanas.
O inverno não pergunta se você tem uma lareira, ele simplesmente assopra a última vela e te obriga a fazer fogo com o que tem. E apesar de longo e difícil de passar, fica uma mini saudade de assistir a neve caindo em silêncio. Agora eu já tenho uma ideia dos mergulhos que farei dentro de mim.
Quando bateu o primeiro raio de sol da primavera, a alegria voltou pro meu corpo. Deu vontade de viver, de morder a vida. Parece que estou florescendo devagarinho junto com as plantas que foram esmagadas pelas camadas de neve e agora estão colocando as manguinhas pra fora.
FALANDO EM FLORESCER 🌸
Resolvi criar uma newsletter sobre brechós, moda consciente e expressão criativa. Eu acho que essas coisas têm muito a ver porque o jeito que a gente se veste comunica quem somos, o que acreditamos, o que vivemos, o que gostamos. E ninguém sai de casa sem roupa, ou pelo menos não deveria.
Além de ser um espaço para refletir sobre o assunto, é uma ótima desculpa para conhecer novos brechós, passear e conhecer pessoas.
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Here’s why é uma newsletter quinzenal, publicada às terças (em inglês).
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Esse texto é tão lindo ❤️ Lembrei de quando eu tive essa experiência de vivenciar um inverno e todas as transições de estação. Eu fico muito feliz por saber que o sol está te trazendo alegria. Foi o relato mais poético que eu já li, deu pra ver como isso refletiu até na escrita. Desabroche 🌸