Eu tinha nojinho de menstruação
e as aulas de tecido acrobático em finlandês: não entendo nada.
fiquei sabendo do copinho menstrual em 2016 mais ou menos. A minha irmã foi na frente porque ela sempre foi curiosa desse tema e hoje tem um mestrado em Design sobre produtos para menstruação. Chique, né? Eu acho.
Uma vez eu fervi água para fazer café na panelinha que a Láisa escaldava o coletor dela. Fiquei com ódio mortal, porque achava nojento demais. Até que fui entendendo melhor o sangue menstrual e desencanei.
Naquela época, se me perguntassem se eu tinha mais nojo de xixi ou de menstruação, eu responderia que o sangue empelotado de endométrio é mais nojento. Pra quem não sabe, o endométrio é a caminha do óvulo fecundado e aí quando não acontece a gravidez, o endométrio “desce”.
Lembrei desse assunto, porque estava vendo o Instagram da @ex_miss_febem_ e estou achando interessantíssimo o jeito que ela expõe o sangue menstrual e fala de aborto sem sutilezas, de um jeito cru e desapegado da moral, da religião ou de qualquer valor que nos disseram que deveríamos ter.
Queria só deixar essa mensagem: não tenham nojo do sangue menstrual. Não é sujo, não é impuro, não é fedido. Às vezes, a gente esquece que somos parte da natureza e, como ela, temos nossos ciclos também. É só isso. E é tudo isso.
Helsinki, 24 de outubro de 2021
a primeira vez que eu subi no tecido foi em Recife, no Clube Alemão. Depois, mudei para São Paulo, conheci pessoas incríveis no Galpão do circo e no Circo dos bichos doidos. Veio a pandemia. Agora, aqui em Helsinki, encontrei uma nova escola que tem tecido acrobático, se chama Pole4fit.
Eu estava empolgadíssima para a minha primeira aula, porque nas minhas experiências anteriores sempre encontrei um ambiente descontraído e fiz amigas que mantenho até hoje. E, vou falar para vocês, eu estou sentindo muita falta das minhas amigas desde que mudei. Fofocar, rir alto até alguém falar amiga as pessoas tão olhando. Que saudade. Como vocês já devem estar imaginando, as finlandesas são completamente diferentes. São mais sérias, mais focadas na aula. Ninguém fica de quiquiqui, sabe? Pelo menos, até agora não.
As primeiras aulas
Cheguei no lugar empolgad´íssima. Na porta, tinha um recado em finlandês e eu não tinha ideia do que estava escrito. Uma menina chegou junto, olhou pro papel e entrou. Eu fui atrás. Lá dentro não tinha uma palavra escrita em inglês. Mas ok, eu lembrava como era banheiro e mulher, deu para encontrar o vestiário feminino.
Fui para a aula, no subsolo. O lugar é ótimo, tudo novinho, os colchões de boa qualidade. Quando deu 19h30 em ponto, a instrutora apareceu sorridente e falando em finlandês (óbvio). Imitei o que as pessoas estavam fazendo, sentamos em um grande círculo e ela começou a falar sem parar até que fez uma pergunta (entendi pela entonação) e algumas pessoas levantaram a mão.
Foi aí que eu disse que não falava finlandês. Ela sorriu e repetiu a pergunta em inglês: é a sua primeira vez aqui? Sim, respondi. A aula seguiu em finlandês, mas com os comandos obrigatórios em inglês. Fiquei meio incomodada de ser a única pessoa que não conhece o idioma. Pensei em como se sente uma pessoa com deficiência e que precisa de atenção especial. É muito chato que isso pareça um esforço quase que inconveniente.
Eu fiquei feliz de não ser a primeira vez que eu faço tecido e preciso de menos instruções técnicas. Vai rolar. Tá rolando.
Eu sou meio tagarela
Eu gosto de falar com as pessoas, comentar, ajudar. Mas durante a aula finlandesa de tecido acrobático eu fico praticamente em silêncio. E até tive um mini surto de dois segundos: socorro deusa. E - não riam de mim - deu uma mini vontade de chorar. Não chorei.
Na minha cabeça, as aulas seriam uma oportunidade para conhecer pessoas (mal vejo a hora!). Mas, talvez, seja uma oportunidade de aprender a observar, ficar em silêncio, prestar mais atenção aos movimentos, ao corpo, a altura, a dificuldade, a força, as poses, as marcas roxas no corpo, a sensação boa de tentar uma coisa várias vezes até acertar. E, quem sabe, aprender umas palavras em finlandês: já até aprendi como se diz “próximo” pelo contexto: seuraava.
bom domingo e até a próxima ✨🥑
Eu sempre lembro de ti quando vou ferver o coletor, haha! Que bom que te ajudei nesse processo ❣️ E sobre o tecido, torço para que elas sejam mais simpáticas contigo, vão ter a chance de conhecer a pessoa incrível que você é ⚡️ no Brasil quando a gnt vê “alguém de fora” já tenta enturmar e chamar pra comer feijoada, né?