eu tenho falado menos nos últimos dias. Propositalmente. Tenho tentando ficar mais quieta e ouvir mais o que as pessoas têm a dizer. Tem sido engraçado porque como eu sou uma pessoa muito falante às vezes rola aquele silêncio na sala. A tentação de preencher o silêncio me belisca, mas eu ignoro e aproveito enquanto observo alguém se esforçar para começar um assunto.
Quando eu era jovenzinha, na faculdade, uma amiga minha me ensinou um truque para fazer qualquer pessoa se apaixonar por você. Eu lembro dela me dizendo “eu sou feia, mas eu não gosto de ficar sozinha. Então, eu tenho que ser esperta para fazer os caras se apaixonarem”.
O truque era fazer perguntas e se mostrar super interessada, de um jeito que a conversa virasse uma massagem gostosa no ego do rapaz. Eu não lembro se ela fazia perguntas específicas, mas a ideia era deixar a pessoa falar de si de forma prazerosa pra si mesma, e daí elogiar, reforçar. Uma isca perfeita para pescar narcisos e egocêntricos.
Não sei se existem mais humildes ou egocêntricos no mundo. Talvez todo mundo tenha seus momentos. Às vezes, somos atenção plena, doação, perguntamos como as pessoas estão porque re-al-men-te estamos interessadas em saber como estão. Às vezes, o “oi, tudo bem?” é só para iniciar uma conversa e despejar algo sobre nós mesmas. Eu, quando faço isso uso o “oi, tá por aí?” - e derramo.
Outro dia, fui perguntar de uma amiga para saber como ela estava porque eu realmente queria saber. E eu tinha conversado com ela recentemente, mas com a minha atenção rasa de cérebro frito. Percebi que não sabia muito dela porque, nas últimas conversas, eu estava mais egocêntrica. Sabe quando alguém diz “tomei sorvete maravilhoso ontem” e ao invés de querer saber mais, você diz, “e eu tomei um milk-shake ovomaltine”?
“Eu não penso -
"Então você não deveria falar.”
Enquanto egocêntricos se apaixonam por si mesmos e querem ficar perto de quem abre espaço para contemplar a própria existência, o outro lado cansa, fica entediado. É como se o encontro fosse uma palestra sobre quem fala e você não pode levantar a mão para interagir.
E foi assim que entendi que silenciar não é sinônimo de ouvir, mas é pré-requisito. E, pensando bem, eu já tinha falado um pouco sobre isso aqui:
Quase verão
A temperatura está esquentando em terras finlandesas. Hoje fez 17 graus eu criei coragem de mergulhar na água gelada. Na prainha aqui perto de casa (Eiranranta) tem esse deck com uma escada para as pessoas mergulharem. Dá para entrar na água pela praia também, mas a areia é grossa e cheia de pedras.
Meu corpo está magicamente mais tolerante ao frio: depois de um banho rápido nas águas super geladas do Golfo da Finlândia, sentei no banco e fiquei lendo um livro enquanto meio maiô secava (no corpo). As pessoas se trocam aqui mesmo. Ninguém liga de pagar peitinho por alguns segundos - nesse ponto eu ainda não mudei.
Quando estava voltando, uns carros antigos estavam passeando enfileirados e eu consegui tirar uma foto de um cadillac pink.
Até a próxima,
Tássia 🌸
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Que texto mais gostoso de ler Ta ❤️