MINI BLOG
Hoje, fui no Museu de Fotografia de Helsinki e me surpreendi com “Mass Hysteria” da fotógrafa Laia Abril. O projeto mostra como, na falta de respostas para as chamadas “histerias coletivas”, a sociedade culpa as mulheres e causa trauma transgeracional ao desprezar a importância do problema.
A Histeria Coletiva, ou Doença Psicogênica em Massa, é uma manifestação dos mesmos sintomas num grupo de pessoas, sem agente de contágio. Os sintomas afetam o sistema nervoso e não têm causas orgânicas correspondentes. Embora o assunto seja estudado a partir de interpretações culturais e acadêmicas, duas questões essenciais permanecem abertas e é isso que a artista questiona.
Como esses sintomas se espalham e por que afetam predominantemente as mulheres jovens, especialmente as adolescentes?
Laia tem outros projetos relacionados à violência contra mulheres: On Rape (Sobre Estupro), On Abortion (Sobre Aborto), Menstruation Myths (Mitos da Menstruação), Feminicide (Feminicídio) e outros que você pode checar aqui.
On Rape
Este é um protótipo desenvolvido na África do Sul, país com o maior índice de estupros no mundo. O “Rape Axe” (machado de estupro) é um dispositivo para ser inserido no canal vaginal, como um absorvente interno. As “garras” internas perfuram o pênis e, para remover o Rape Axe, é preciso fazer uma cirurgia.
— Continuo chocada com a existência deste artefato. É um sintoma social assustador.
A maturidade não vem no pacote básico de mulher adulta
Biologicamente falando, a idade adulta é o ápice do desenvolvimento do corpo e se dá por volta dos 25. É quando somos mais saudáveis e não temos tanta ressaca. Porém, bem antes, aos 18, já se abrem as portas dos perrengues burocráticos. Nome no Serasa, cartão clonado, consumir álcool e tabaco, conteúdo “adulto”, assinar o contrato, plano de saúde, responder judicialmente.
Meu debute foi aos 21, quando meu pai morreu. A papelada foi caindo meu colo de filha mais velha. Precisei aprender a dirigir e ler contratos, movimentar dinheiro de adulto. Ainda me pergunto como dei conta com tão pouca maturidade. Semana passada chegou um envelope com meus impostos e eu reclamei que meu marido abriu por engano — só ia abrir semana que vem.
O dicionário diz que maturidade é “condição de plenitude em arte, saber ou habilidade adquirida”. Na arte da vida — quem faz o dever de casa — está sempre amadurecendo física, emocional, espiritual e afetivamente. É que os perrengues burocráticos por si só não garantem decisões acertadas. É preciso analisar o que se passa.
Amadurecendo 🍎
Tranquilidade para compreender adversidades, autodisciplina para realizar sonhos, responsabilidade consigo mesma e com o que está ao seu alcance, separar o que é seu e do outro, equilíbrio para lidar com situações difíceis. Noé não teria construído a arca se tivesse duvidado de quem ele era e do caminho que desejava seguir. Maturidade é também sobre descobrir a própria bússola.
Quanto custa
O preço da maturidade é tempo e dedicação para observar, anotar, refletir, buscar soluções e colocá-las em prática. Com ajuda de uma terapeuta, coach, ou de forma autodidata. Geralmente com livros que explicam conceitos e caderno para anotar como agimos, reagimos, sentimos, pensamos, desejamos, etc. Amadurecer dá uma trabalheira danada porque é preciso estar atenta para ler as situações e a si mesma. É preciso estar pronta para fazer autocrítica saudável, sem se vitimizar e com desejo genuíno de sair melhor do outro lado. Mesmo quando a gente está espumando de raiva ou só queria colo. Ainda que seja impossível não se ferir, é preciso estar atenta para não pisar no mesmo espinho e se permitir descansar, receber ajuda, acolhimento, amor e carinho.
Quanto mais a gente aprende, menos a gente se machuca. Teoricamente.