Desde sempre, questionei o machismo que me encolheu de tantas formas.
Nasci numa família machista com máscara liberal. Meu pai não viveu suficiente para saber que era um esquerdo-macho. Machista de esquerda raiz. Sindicalista. Acho que já foi afiliado ao PCdoB, uma coisa assim. Pelo menos, nos ensinou que a coisa certa era que todas as pessoas tivessem casa, alimentação, educação, lazer e dignidade. Todas mesmo. O que conflitasse com o básico, deveria ser questionado.
E como a vida é um poço de contradições, o homem que acreditava num mundo mais justo para todos era casado, mas vivia como aventureiro. Em casa, minha mãe cuidava de mim e de minha irmã como mãe solo. Nunca nos faltou: comíamos bem, íamos à escola, tínhamos boas roupas, brinquedos. Quando acabava a festa, a casa estava limpa e as camisas de botão todas bem passadas para trabalhar.
Também nunca fora monogâmico, assim como outros homens da minha família. Meu avô paterno tinha uma filha fora do casamento e um dos meus tios t…
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