você recebe os emails da série Enquanto espero meu brunch todos os domingos, bem cedinho. Hoje vim contar que vou tirar uma folga dos nossos emails.
volto no dia 25 de julho, com novidades 💖
📮 para quem sentiu falta do email da semana passada:
gente, aconteceu uma coisa. Tive um troço, mas passo bem. Na hora em que estava editando a newsletter, meu coração disparou numa taquicardia e eu decidi ficar longe do computador e do celular.
fiz uma consulta médica, estou ok. É só a ansiedade me tirando do centro. Nesses tempos ainda pandêmicos, na minha bolha, está todo mundo assim: estresse no topo e uma dificuldade danada para desopilar. A alegria de ver mais pessoas próximas vacinando até que tem ajudado.
Pausa para balanço
estava pensando: por que mesmo que eu comecei a escrever aqui e chamei as pessoas para assinar? Ah. Lembrei. Foi pra conversar sobre coisas da vida: chá de camomila antes de dormir, a pia cheia de louça, e as coisas ácidas que nem fruta cítrica que ainda não caiu do pé.
lembro bem de onde estava quando tive essa ideia. Estava sozinha, no Cafe Regatta (em Helsinki), um café onde as mesas ficam para fora à beira do que parece um lago, mas na verdade é o mar (Golfo da Finlândia, mar Báltico). Lá é ótimo para relaxar, conversar, tomar um chocolate quente bem docinho. Eu estava tendo uma mini crise com redes sociais e a resposta veio fácil: uma newsletter para mulheres que correm com boletos e lobos.
a princípio, tive receio porque nem todo mundo quer se conectar com a ancestralidade feminina ou falar sobre a mulher domesticada. Depois, entendi que tudo bem, porque aquelas histórias sobre intuição e liberdade para ser fortalecem a minha busca por autenticidade. Eu gosto disso.
essa newsletter é isso mesmo: conversas sobre as coisas que gostaria de compartilhar, sentir e pensar junto com outras pessoas, porque afinal eu tenho mesmo essa necessidade de me conectar com quem pode estar pensando o que eu estou pensando.
amo as histórias que dividimos até aqui e chegou a hora de revisar o que escrevi. Quero reler e reformular para dar continuidade.
no dia 25 de julho, volto com novidades 💖
ah! Lembrei de um dos primeiros textos que escrevi, vou deixar aqui para vocês 🥐🥂
Kesälahti, 18 de outubro de 2020
A mulher moderna é um borrão de atividades
gente do céu, hoje escrevo de Kesälahti, um lugar que eu jamais pensei conhecer porque eu nem sabia que existia. Viemos passar o fim de semana do aniversário de Carlos numa casa-barco e aproveitar que ainda não está muito muito frio na Finlândia (a temperatura ainda não vai ficar negativa, ufa!).
lá fora está cinza: o céu está um cinza azulado claríssimo e é o pano de fundo da floresta. O lago cinza escuro é um espelho gelado que vai recortando a Karelia até chegar na Rússia.
eu amo ficar olhando o movimento da água que cria essa textura de quando a gelatina não dá muito certo. Mais cedo, os pássaros dançaram na água. Que alegria!
está fácil observar esses detalhes: é final de semana e estamos de férias. E aqui não é lugar de fazer nada que não seja relaxar. A gente fez sauna à noite (Finlândia, né?) e se deslumbrou com a quantidade de estrelas que o céu mostrou pra gente. Vimos uma estrela cadente, mas não deu tempo de fazer um pedido. Tudo bem. A realidade vai muito bem.
ao abrir meu caderno, encontrei um trecho do livro de sempre (Mulheres que correm com os lobos) que me lembrou que relaxar de verdade é uma conquista recente. Amém.
“The modern woman is a blur of activity” (A mulher moderna é um borrão de atividades), Clarissa Pinkola Estés
além disso, outro dia, o tarot me mostrou a carta do Diabo para lembrar da minha dificuldade em aproveitar a vida sem culpa, dormir até o sono acabar, permitir fazer o que dizem ser perda de tempo.
eu era dessas pessoas que precisam preencher todos os minutos do dia. Não aceitava acordar tarde nem no final de semana, e acordava cedo para, sei lá, arrumar a casa, ler um livro, fazer qualquer coisa aparentemente produtiva para preencher.
preencher era o verbo, mas não sabia o que era o vazio.
aula de tudo quanto era coisa, cursos no final de semana, mil atividades paralelas, muito trabalho, acordar às 6h e levar a Zeldinha no parque. Eu estava mesmo fazendo mil coisas, mas não sabia onde queria chegar e, provavelmente, não chegaria porque estava exausta.
até que fui obrigada a parar.
o corpo nos obriga a parar quando a gente está vivendo no automático, achando que é máquina. Na pausa, percebi que a produtividade excessiva me distanciava de mim mesma. Faltava quem eu era em mim. É engraçado como a gente consegue se perder, né?
parei.
fui obrigada a descansar. Depois, fui buscar por mim mesma no meio de um turbilhão. Quando me encontrei, estava uma bagunça. Precisei destralhar as atividades, as amizades, as redes sociais, o guarda-roupa e a agenda.
depois, sobrou tempo e espaço para reler o que escrevi a mão, assistir filmes repetidos, olhar para o céu e sorrir de volta. E até escrever uma newsletter reconhecendo que aquele amontoado de atividades, na verdade, era só uma tentativa de parecer feliz sem ter que olhar para dentro.
uma hora a gente entende que não dá.
bom domingo <3
até julho!
Pausas são importantes, aproveite as reticências :)