🥐 eu fui para uma cafeteria hoje pela manhã para terminar esta edição e enviar pra vocês com cheirinho de croissant. Mas às 11h as cafeterias estavam lotadas e eu ainda tenho medo do covid-19. Voltei pra casa.
Eu digo que escrevo nas manhãs de domingo mas a verdade é que estou finalizando às 15h47 no Relove Freda, um dos meus brechós preferidos daqui1. Além de roupas legais no precinho, tem um espaço gostoso para café & comidinhas saudáveis. Outro dia vi uma mulher com o laptop na mesa e pensei: vou fazer o mesmo. Cá estou escrevendo e esperando tocar bossa nova (já conheço a playlist e tudo).
Mas então
Eu fiquei órfã de ~ cafeteria para escrever ~ porque o Brooklyn Cafe fechou e eu ainda não procurei outros lugares. Hoje é a primeira vez que saio de casa para escrever depois que mudei pra cá. Mentira, teve um dia que eu saí com meu caderninho e anotei tudo sobre o ataque das gaivotas malditas.
Helsinki, 26 de setembro de 2021
ontem à noite, estava olhando pro céu procurando a lua cheia. Quando pensei que tinha encontrado, era um abajur com uma luz amarelada no último andar do prédio da esquina. Dei uma volta no quarteirão: nada. Aquela cúpula de luz quente na esquina era o que tinha porque, aparentemente, o satélite natural da terra já tinha ido repousar.
Quando cheguei em casa, tentei ver a lua pela sacada, mas não alcancei. Talvez se eu morasse num andar mais alto, quem sabe. Eu moro no primeiro andar e essa é a desvantagem. Tirando isso, eu gosto de morar em andar baixo, sabe? A distância até o chão não fica me tentando nos dias que bate a bad. Eu já tive uma crise de ansiedade que eu jurava que ia cair da janela e foi sem dúvida uma das coisas mais assustadoras que já vivi. Por isso é bom demais morar em andar baixo. Dá para imaginar a queda, o braço quebrado, a dor no tendão; e aí você volta pra realidade.
Falando em se quebrar, quando eu era criança eu me pendurava em tudo: nos brinquedos do parque, nas árvores e até ficava de cabeça para baixo na barra de ferro que tinha no vão da porta. Sabe quantas vezes me quebrei? Nenhuma. Me ralei várias, mas nunca quebrei nada, nem um dentinho.
A primeira vez que eu fui me quebrar tinha 30 anos. Pisei errado na escada de um prédio comercial bem ali de frente pro Shopping Vila Olímpia2. Saí rolando e as pessoas na calçada vieram me acudir. Pior que naquele dia eu não estava me sentindo bem. Sabe aquela sensação de que é melhor pegar um Uber e ir pra casa?
A intuição falou, eu não ouvi
Eu lembro de algumas coisas: a sensação de quando você pisa mas o degrau não está lá, minhas mãos geladas no bolso do casaco, a pancada, o impacto, o gosto de sangue, as pessoas correndo, alguém chamou os bombeiros, alguém pegou meu celular e ligou pro meu namorado da época. Quando ele chegou só lembro da cara de desespero e da frase curta: eita, porra. Uma moça surgiu do nada e nos ofereceu carona. Ela pegou a minha carteirinha do plano de saúde e procurou o hospital mais próximo.
No hospital: as pessoas perguntavam se eu estava bêbada, se tinha sido atropelada ou se estava com o celular na mão. Nenhuma das respostas era verdadeira. Tomei cinco pontos na testa e ganhei uma internação porque eu tinha quebrado a mão e ia precisar fazer uma cirurgia no dia seguinte. Assim, do nada. Eu só pensava na Zeldinha e no trabalho que eu tinha começado fazia só duas semanas.
Piores férias da vida
Quinze dias antes eu tinha emendado um emprego no outro, sem férias. Agora, olhando de longe (três anos depois) vejo que os quinze dias consecutivos de atestado foram as férias que fui obrigada a ter.
Vou ver se acho a lua cheia hoje. Tomara que eu não tropece em nada.
No Relove sempre toca um sambinha rock ou uma bossa nova e eu fico com uma saudade do Brasil. Fico achando que o meu país é só cervejinha no fim da tarde, paz e brisa do mar, cheiro de praia, a maçã do rosto ardendo de levinho pra lembrar da delícia que é viver. Quase me esqueço que é puro suco da desigualdade social com a classe média pagando (em 48x) de riquinha.
É só isso o meu baião
E não tem mais nada, não
O meu coração pediu assim, só
Bim bom bim bim bom bom
Bim bom bim bim bom bom
Só tem bom bim bom bim bim
Peruca nervosa
Pro seu domingo melhorar, indico este episódio curtinho que me fez rir alto na rua. Não perca as as aventuras de Rosângela e Ubiraci em “Peruca” 🎣
Bom domingo, minha gente.
Até semana que vem. 🥑✨
Porque brechó bom mesmo é o Capricho à toa, em São Paulo.
Um dos lugares mais movimentados de São Paulo. É onde estão quase todas as empresas da cidade (contém exagero).
Procurando a lua cheia
Me dei conta que meu email é tão abarrotado de newsletter que perdi essa. Adorei ❤️