Tem que deixar certas coisas para lá, né? Parar de reclamar de coisa inútil, tipo como as redes sociais não são mais sociais, viraram vitrines. Mas é que a semana foi tipo raspar rótulo de molho de tomate com a unha bem curtinha. Cansativa e ardida. Acordei derrotada precisando de outras dez horas de sono — todo dia. Durmo demais e como perto da hora de deitar, deve ser isso. Uma amiga notou minha cara de cansada na quinta e o tarô também.
Quando puxei a carta da semana, o tarô cuspiu logo duas na minha cara: o dez de espadas e o pendurado. Ele sabe das coisas, né? O tarô está neste mundo há muito-muito tempo. É anterior à escrita e, a gente sabe, era na oralidade que o bicho pegava.
Não tinha Google e nem ChatGPT, não tinha livro de história. O tarô foi lá juntou lé com cré: olha, é mais ou menos assim que as coisas acontecem na vida das pessoas. Às vezes foge à regra, mas confia. Lá no fundo da alma, todo mundo sabe o que tem que fazer. Quando você fala do arquétipo, ela encontra as respostas nas entrelinhas. Fechou. Eu compro.
É que nem quando você conta de que vai se mudar. A reação das pessoas é sobre elas: algumas ficarão felizes, outras vão pensar “corajosa”, uma vai ficar com inveja e por aí vai. O tarô é assim. Você faz a pergunta e recebe uma história. Quando vejo a carta da torre semana-sim-semana-não, tremo na base. É sobre como me sinto quando imagino a possibilidade. A carta me coloca numa fogueira imaginária. Como eu me sinto? Anoto.
É por isso que ninguém acredita ou desacredita no tarô. Essa possibilidade não está disponível. Tarô é conversa íntima entre você e o arcano. Tête-à-tête abstrato. Você vai se conectar com umas ideias e outras não. Presta atenção ao que ressoou, sua intuição aparece ali.
Vá devagar, coisinha
Me sinto a própria Hermione voltando no tempo com esse negócio de aula online ao vivo, mas que também é gravada. Exagerei essa semana, o tarô confirmou, olha essa interpretação do dez de paus.
Ele conhece essa mania feia de me iludir com a lista de tarefas. Disse assim: é legal receber um “good job” toda semana, mas não esquece do que importa. Puxou minhas orelhas: onde está vazando energia? Está inventando demais, não? O dez de espadas aponta o dedo na minha cara quando perco tempo com o que ~ não alimenta a minha alma gulosinha.
“Se você continuar fazendo a mesma coisa terá os mesmos resultados” — frase de coach do Pinterest. O Pendurado sabe tanto disso que se colocou de ponta-cabeça para observar o mundo por uma nova perspectiva. É o sacrifício voluntário de Odin que se pendurou por nove dias e nove noites na árvore da vida para aprender a ler as runas. O meu sacrifício é sair do Twitter, esse dementador de energia. Odin se deu bem e ainda recuperou sua juventude. Estou otimista.
A minha palavra para semana que vem:
Para conversar com essas ideias
Este podcast me abriu para a ideia de Aceitação Radical — um tema que ainda quero desdobrar e me deixou muito curiosa.
Uma visão sincera sobre redes sociais e ausência de autenticidade — indicação da minha irmã e leitora querida, Láisa.
Complementando a semana passada
Olga me indicou dois livros e eu decidi estender aqui:
Vida para Consumo, Zygmunt Bauman
A Fábrica de Infelicidade, Franco Berardi
E este podcast que ainda está ecoando.
E mais um livro que a Mariana Moro indicou: Descolonizar o Imaginário — debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento — que tenho quase certeza que tem na estante da minha irmã, depois vou perguntar.
Amei!! A audácia (ando tendo um pouquinho), e a combinação toda, texto delícia de ler. Ah, e Amor e anarquia é ó ❤️🔥
amei que a dica veio pra cá! e olha, acho que também tô precisando que audácia seja a minha palavra da semana (e de todas as próximas kkkk). que a gente consiga continuar fazendo sacrifícios pra botar energia no que importa, né?
boa semana <3