Oi, gente! Criei um formulário anônimo de perguntas para responder aqui no Brunch. Vale qualquer coisa que termine com um ponto de exclamação e pode mandar quantas perguntas quiser.
Quando estive em Paris pela primeira vez, lembro de notar os franceses quietos, atrasados, mal-humorados. Se não fosse pela casualidade das baguetes escapando da sacola, ficaria assustada. Estão à vontade no mundo, mas parecem desconfortáveis com alguma coisa. Talvez com a quantidade de turistas — visitas incômodas que chegam desconvidadas.
Agora que moro na Finlândia, Paris me fez sentir um pouco do calor humano brasileiro. Que quietos que nada, os franceses são alegres e barulhentos. Conversam no metrô, furam regras. Cigarro no dedo, sorriso, dente sujo de batom vermelho. Vestem cores, usam salto alto, unhas sempre vermelhas. Encontrei gente antipática e fui mal atendida, claro, mas nem liguei. Estou a passeio neste mundo.
No Bercy, bairro onde me hospedei com minha irmã, formou-se uma longa feira de rua. Roupas, sapatos, utensílios de cozinha, peixe, carne, frango assado com cheiro de ervas — chequei para ver se já era hora do almoço, mas ainda ia dar dez da manhã. Que pena. Comemos croque monsieur e café au lait numa boulangerie de mulheres. Negócios de mulheres recuperam minha fé na humanidade. Paris expira deslumbramento, ainda que haja problemas visíveis nas calçadas e no cheiro do metrô.
Por sorte do acaso, encontrei uma amiga. Era final de tarde, mas o sol ainda brilhava. Ele só se põe às oito da noite em abril. Na frente do funiculaire de Montmartre, Julia me chamou. Ela é uma amiga do Secret Club, comunidade que criei aqui na Finlândia. Subimos para a Basílica Sacré-Cœur, passeamos por Montmartre e paramos num bar de vinhos para terminar o dia. Julia e o marido também moram em Helsinki. Acostumados aos países nórdicos, comparamos Torre Eiffel com Copenhill, a “montanha urbana” de Copenhague, que é um incinerador de lixo transformado em centro de atividades esportivas, como esqui e escalada. Tão útil.
A torre mágica de Paris
Quando estávamos no bar, ninguém na mesa sabia das funções práticas da Torre Eiffel (já falo delas) e debatemos sobre estética e funcionalidade. Paris é toda decorada e é fácil acreditar que faz parte da mentalidade francesa construir algo gigante como a Torre ou o Arco do Triunfo apenas para encantar as pessoas. Diferente de Copenhague e o minimalismo útil que reconhecemos na Finlândia. Até aqui, além disso, tínhamos a informação de que a Torre só ficaria de pé por 20 anos — quanta futilidade! Mas, acredito que a estética basta, lembra de Tirana, que foi transformada a partir de um prédio colorido? Alegrar, inspirar, encantar são funções válidas.
Porém, em tempo de Revolução Industrial é diferente. Não foram as luzes brilhantes e a mágica que convenceu os franceses a manter a Torre. Talvez, se soubessem que ela se tornaria o monumento mais imitado e mais visitado do mundo, a justificativa tecnológica não seria imprescindível.
Gustave Eiffel buscou inovações tecnológicas para mudar o destino da sua criação. Ela realmente ia ser desmontada após vinte anos. Construída para demonstrar capacidade de engenharia e comemorar os 100 anos da Revolução Francesa, a Torre passou a ser usada para transmissão de radiodifusão e comunicação de dados, estudos meteorológicos, observações atmosféricas e mais.
Apesar disso, gosto de pensar que a Torre Eiffel desobedece. É mais lembrada como símbolo da cidade luz do que pelos feitos tecnológicos. Como se fosse uma antena mágica transmissora da romântica vibe parisiense, a sua volta, sonhos são realizados. Inspira beleza, não trabalho. As pessoas vestem o melhor que podem e procuram o ângulo certo para registrar o momento. Casais se formam nos jardins. O lugar fica cheio, meio agoniado, mas ainda assim me alegra ver tantas pessoas romantizando a própria vida. Se a Netflix não vai bater na porta oferecendo o roteiro, o façamos.
✨ Que bonita a torre de Paris.
P.s.: O Arco do Triunfo é “apenas” um Centro Cultural, local de visitação e monumento comemorativo.
SERÁ?
Dizem que a beleza salvou a cidade
Não há comprovação histórica, mas dizem que Hitler poupou os monumentos mais bonitos durante a invasão nazista. Outros sugerem que foi por razões estratégicas.
Adorei essa edicao, e saber mais detalhes e curiosidades sobre a torre!
Adorei! 😃