Helsinki, 9 de janeiro de 2022
um super feliz 2022 para todas que me acompanham aqui.

onde
veio esse tem maisVocês devem ter notado a bagunça que eu tenho feito, principalmente quem tá aqui desde sempre. Essa newsletter sempre chegava no domingo cedinho na sua caixa de e-mail e agora você nem sabe se vai receber ou não.
Eu já comentei antes que estou repensando esta publicação e nunca chego a uma conclusão (aliás, ideias são bem-vindas, só responder a este e-mail). Tinha pensado em fazer um fechamento e encerrá-la mas eu gosto demais de conversar com mulheres coisas que só mulheres poderiam entender.
E eu amo esse espaço que criamos. Para mim, a newsletter funciona como uma rede social, mas sem a ansiedade e o mal estar. Quando penso nos desabafos que já publiquei e nas mensagens que recebi, meu coração fica quentinho.
O que vem por aí
(por enquanto, criei uma playlist no Spotify)
Estou gestando um projeto que talvez seja uma segunda newsletter aqui no Substack, em inglês, sobre magia natural e bruxaria 🌿🔮✨ Eu tenho encontrado muitas respostas confortantes nas minhas leituras sobre história da mulher, história da bruxaria e práticas de magia natural. Quando digo confortante, é porque a misoginia me rasga por dentro e, entender o passado - embora revoltante -, tem me ajudado a encarar o presente de maneira mais tranquila, menos dolorida.
Em paralelo, ervas, chás, banhos mágicos, meditação, criações manuais, culinária etc me trazem tranquilidade e liberdade de expressão. Esse lugar “mágico” me desperta para me entender como mulher e como parte da natureza; como se antes disso eu não tivesse sido natureza, como se a mulher “moderna” que eu era fosse menos bicho.
Esse espaço tem sido o meu bálsamo para lidar com o ódio e descaso que é destinado às mulheres desde os primórdios da humanidade. É o que me ajuda a lidar com várias das minhas angústias sobre objetificação e comercialização do nosso sexo e da nossa capacidade reprodutiva e tudo mais que esmaga a nossa natureza.
É o meu lugar seguro de ser mulher sem que me digam o que devo ser, quais comportamentos devo performar. É onde eu entendo quem eu sou, de onde eu vim, quem eram as minhas antepassadas, o que eu herdei delas e como posso honrar isso e ser o mais feliz possível sendo apenas quem eu sou. É solitário, profundo, às vezes dolorido, mas tem me feito muito bem.
Sabe aqueles workshop de despertar a mulher selvagem que na verdade era esquema de pirâmide? Não é isso, tá? E nessa possível newsletter, se ela existir mesmo, minha ideia é contar coisas como: minha experiência usando a roda do ano e o tarô para planejar projetos pessoais; ou como olhar para as ervas de maneira consciente tem me ajudado a entender os meus sentimentos. Eu penso na magia de uma forma muito casual. Aliás, magia casual pode ser um bom nome, hein?

A maldição de Gisele Bündchen
Parece piada
mas quando eu estou lavando o banheiro sempre lembro de uma matéria em que a Gisele Bündchen disse que quando ela limpava o chão você poderia comer nele, de tão limpo. Era uma metáfora para explicar o quanto ela era dedicada com a carreira de modelo mas, de alguma forma, essa história sempre ficou na minha cabeça, ali perto da mensagem do meu pai dizendo que se eu não varresse a casa direito eu ia me casar com um homem remelento (eu juro que ele dizia isso).
Quando eu vim morar na Europa eu me preocupei com o fato de não ter área de serviço na maioria dos apartamentos. E nunca foi por falta de preocupações porque eu ainda tinha que me preocupar como inverno de temperatura negativa, aprender finlandês, arrumar um emprego que me pagasse em euro, fazer amizades, entender o sistema de impostos, plano de saúde etc. Mesmo assim, eu ainda me perguntava como poderia viver sem um tanque e uma área de serviço.
E até um tempo atrás, quando eu tinha que fazer qualquer tarefa doméstica, eu pensava que se a Gisele (que é a Gisele) faria aquilo impecavelmente, eu (reles mortal) tinha que me esforçar muito mais. Juro. E assim virei a pessoa que limpa todos os cantinhos e que perde muito tempo limpando a casa. Falava que só ia conseguir me concentrar para ler, estudar, dormir, ver um filme se a casa estivesse bem limpinha. Era tipo uma maldição mesmo.
Demorou
Mas uma hora eu me dei conta de que ninguém nunca iria comer no chão da minha casa e as coisas começaram a mudar. Ainda sou super fã de um banheiro cheiroso e de passar pano no chão do quarto perto da hora de dormir, mas desencanei um pouco, sabe? A louça suja pode dormir na pia e eu ganho umas horinhas de sono. A casa não vira uma zona se trocar as tarefas domésticas por uma leitura ou um filminho. Ok, às vezes vira, mas ninguém nunca saiu ferido.
Aos poucos eu entendi que não tenho essa energia toda para limpar a casa - tenho outras prioridades. E - na boa - ninguém merece acabar com a energia do final de semana limpando o chão, não é pra isso que a gente veio. Simples assim.
E é bom lembrar que ideal é que as pessoas não comam no chão.
P.s.: eu sempre estou tentando um jeito novo de arrumar a casa sem sentir que estou arrumando a casa, sabe? Atualmente estou tentando fazer o que dá durante uns 30 minutos depois que termino de trabalhar para não ter que fazer muita coisa no final de semana. Pensando bem, deu certo.
bom domingo e até mais! 🥑✨
Pensando o quanto as mulheres foram associadas às atividades domésticas, até o termo “empregada doméstica”. Tenho isso de priorizar mil tarefas de limpeza para conseguir fazer alguma coisa. Mas, também tenho trabalhado nisso, de mudar um pouco. Amei o texto, mais uma vez. Volte sempre ❤️
É muito confortável ler sobre a maldição de Gisele e se sentir validada de alguma forma.
Ansiosa pela nova newsletter. Magia é um assunto que acompanho de forma pontual pelas redes sociais, mas que sempre me deixa relaxada, como um estilo de vida pleno.
Vou ouvir sua playlist. Tem uma das minhas músicas curtidas, Water Witch, que é a última de uma das minhas playlists: https://open.spotify.com/playlist/25CQkGDhhSGCeHathNLkvn
Quase toda originada do perfil: https://instagram.com/marimi.ilustra
Boa semana pra você! 🤗