Hoje minha cabeça está de novo plugada no 220V, exatamente igual quando escrevi este texto e este aqui. Alguma coisa acontece comigo entre o final da lua minguante e a lua nova. Nesses dias (geralmente algo entre os dias 10 e 16 de cada mês) fico absolutamente impulsiva, o que às vezes acaba sendo positivo: nesta semana me empolguei e criei um “clube de escrita” lá no Instagram e também criei coragem para fazer uma coisa que estava morrendo de vontade desde o meio da quarentena: rescindi meu contrato de aluguel e reservei um Airbnb. Esse será meu novo estilo de moradia (pelo menos por um tempo).
Até ouvi falar de pessoas que fizeram algo parecido durante a pandemia: foram morar em um lugar que fizesse mais sentido, mais perto da qualidade de vida do que do metrô ou do escritório.
No meu caso, demorei para tomar essa decisão e tive muito medo no começo. Suei frio, conversei com um monte de gente para validar a ideia, até que achei os motivos perfeitos para me convencer e fiz. Engraçado, o fato de querer e poder não foram suficientes para me convencer. Um dia preciso falar sobre isso.
Quando a decisão foi tomada, senti a suadeira passando e uma onda de animação fazendo cócegas nas minhas orelhas. Me olhei no espelho e perguntei: tu não estás com medo? Não estou. Ri da minha cara e fiz uma selfie com um filtro do Instagram porque o meu cabelo estava maravilhoso naquele dia.
Num minuto senti leveza e no outro pensei: acho que posso manter esse aspirador de pó e as minhas almofadas. Senti o peso e desatinei a pensar no que puxa a gravidade e torna qualquer movimento um fardo. Algumas coisas podem nos prender ao chão, como se nossos pés fossem grudados; outras nos impedem de atitudes específicas, como falar em público, sair sem sutiã ou publicar um texto que escrevemos e gostamos tanto.
A liberdade — ou a sensação de liberdade — mora entre uma bugiganga e outra, em becos estreitos. Aparentemente, para acessá-la precisamos de desapego e uma vontade doida (e doída) de simplesmente ser e parecer livre.
Em 2020, quando ficamos todas enjauladas, eu quebrei umas grades mesmo sem furar a quarentena. Talvez por causa dessa liberdade que perdi acabei encontrando outras maneiras de ser livre.
No topo da minha lista, está a escrita pública nesse formato de newsletter e alguns posts do Instagram (e vem novidade por aí!). Foi em casa, detestando o meu trabalho (mudei, ufa!) e fritando de saudade (namorado na Finlândia) que consegui perceber a liberdade que eu tinha justamente por estar ali. O isolamento me mostrou a liberdade de não ter que sair, porque antes, sair era uma obrigação.
E agora, a desobrigação do endereço fixo me deu mais essa. Mais para frente, conto o resultado dessa história.
Bom domingo e até semana que vem.
Tássia
🥐🥂
criei armadilhas para mim mesma
(tentei escapar)
sai nua, ferida,
viva
/o\ adorei a novidade sem endereço fixo!! (claramente, tava desatualizada nas newsletters rs) se estivesse num papel, teria grifado "o fato de querer e poder não foram suficientes para me convencer" e "Algumas coisas podem nos prender ao chão" (lembrei de a insustentável leveza do ser <3 ). beijo e boa sorte no trabalho novo!