Feliz 2023!
Breve retrospectiva do Brunch
2022 foi decisivo para o Brunch. Passamos a primeira metade do ano questionando para onde ir e se realmente continuaríamos. No segundo semestre, nos reencontramos e queremos voar. Agora temos até plano especial para apoiadoras e apoiadores.
💖 Amuleto Criativo — provavelmente o projeto mais legal de todos. A cada panfleto entregue fico mais feliz — e pelo visto, as apoiadoras também.
📒 O e-book do Brunch foi reeditado e tem novas crônicas preferidas para baixar. Em formato PDF.
🪲 Fizemos uma pesquisa que me ajudou a entender a parte mais importante do conteúdo do Brunch, teve uma leitora que escreveu o seguinte:
“Seus textos me deixam calma e criativa, despertam um pouco de magia em mim, mesmo quando não falam sobre magia.”
Obrigada por essa mensagem, ela realmente me deixou inspirada 😌✨
No próximo ano, quero dividir ainda mais os meus rituais de magia natural e seguir misturando a realidade com um pouco de fantasia.
Vem aí
Para 2023, teremos um programa de indicação com brindes personalizados, porque queremos crescer sem dar dinheiro pro Mark Zuckberg 🤞🏻
Gosta da ideia?
Proibido entrar de biquíni
Fui pega de surpresa na sauna do hotel, em Kuusamo, uma cidade mais ao norte onde decidimos passar o natal. Aqui na Finlândia, as saunas públicas são geralmente divididas por sexo e nessas você pode entrar com ou sem biquíni. Quando são mistas (homens e mulheres), o biquíni é obrigatório, não pode nem fazer topless.
Entrei pelo vestiário de mulheres que dá acesso à sauna que também é apenas para mulheres, mas vi um menino de uns 12 anos vendado (!). Depois da sauna, tem a área da piscina que parece um mini parque aquático indoor, onde homens, mulheres e crianças se encontram.
As mulheres já estavam todas nuas ali na área da sauna. Quem passava de biquíni, ia direto para a piscina. Sem saber onde pôr as mãos, pendurei meu roupão, deixei minhas coisas (óculos, água e Kindle) numa prateleira na área onde ficam as saunas. Entrei no chuveiro para pensar por trinta segundos. Dali, decidi nadar. Tomei até um banho na cachoeira fake. Quando saí da piscina, mais animada, me molhei de novo e fui para a minha primeira sauna com desconhecidas. Na porta, tinha uma placa: proibido entrar de biquíni.
Puxei da memória a minha experiência mais parecida. Em novembro, fui à sauna com amigas e a maioria estava sem biquíni. Não senti vergonha, mas não tirei o meu. Era como se fosse mostrar mais do que devia, porque a nudez não faz parte da minha cultura. Sem biquíni, fico mais pelada do que as outras pessoas.
Era como se fosse mostrar mais do que devia, porque a nudez não faz parte da minha cultura. Sem biquíni, fico mais pelada do que as outras pessoas.
Passei um tempo paralisada em frente à porta tentando entender o que a imagem de um maiô com um símbolo de proibição universal (🚫) queria dizer. Senti vergonha de ter vergonha. Afinal, as mulheres já estavam todas nuas. De súbito, e sem pensar mais, fingi costume, tirei o biquíni, destaquei uma folha para forrar antes de sentar e fui.
Essa foi a primeira vez que fiquei nua na sauna com pessoas desconhecidas. Antes disso, só na sauna privada e tradicional, à lenha (não elétrica). Em tempo: sou eu quem acende a lenha, porque amo mexer com fogo.
Quando entrei, uma mulher da minha idade havia acabado de entrar. Ninguém esconde o corpo, ninguém fica reparando. Sei que era uma mulher gorda, mas estava à vontade, com as pernas esticadas. Me sentei na outra ponta e em algum momento ela perguntou se poderia jogar mais água às pedras. Isso faz a sauna ficar mais quente e perguntar faz parte da etiqueta.
Para mim, a sauna é um lugar de meditação e de conexão entre corpo e mente, como a Yoga. O calor de uns 80 graus Celsius me obriga a ficar em constante observação para ter certeza de que estou me sentindo bem. Percebo minha pele secando gradualmente. Massageio meu couro cabeludo. Tento relaxar meu maxilar. Movimento meu pescoço e meus ombros. Toco meu peito e sinto minha respiração. Depois, vem um sentimento de gratidão e promessas de cuidar melhor da minha casa. Meu corpo é onde mora a minha energia e a minha força criativa. Como estou cuidando dele?
Não entendo muito o tempo na sauna, não sei se fico cinco ou vinte minutos. Quando dá, gosto de pegar frio do lado de fora para ver a pele fumaçando, o calor dispersando. Se possível, mergulho no lago gelado — dessa vez, saí para me molhar no chuveiro e voltei para ficar mais um tempo comigo, embora tivesse outras mulheres ali. O espaço é dividido.
Corpo privado, espaço público
Lembrei de outra experiência com o corpo de fora em público, o topless na Espanha. O que escrevi me ajudou a entender a vivência na sauna seca:
Tirar o top e me sentir à vontade tem a ver com saber que não estou dando acesso a uma parte íntima do meu corpo. Estou apenas confortável com o meu corpo ocupando um espaço que é público. Não importa se estou nua, meu corpo é privado.
Acho que o contraste entre a nudez “pública” e o meu corpo privado reforçou a nossa conexão. Vulnerável, de bunda de fora, não me importei com as necessidades que o mundo projeta sobre o tamanho e o formato que tem. Meu corpo sente as minhas dores, e é para ele que devo satisfações.
Seguir firme ouvindo o que ele diz é um dos meus desejos para 2023. Como dizem no Planejamento Selvagem: em uma cultura de desconexão, escutar o corpo é revolucionário. E não tem nada a ver com querer ficar magra. Aliás, por acaso cheguei na newsletter da Vanessa Guedes que fala um pouco sobre isso.
Benefícios da sauna seca
É comprovado que o calor nos deixa mais atentas ao corpo e reduz a percepção de dor. É por isso que a sensação de relaxamento é o maior benefício da sauna.
Devido ao calor, seu coração pulsa mais forte e você tem uma melhora na circulação sanguínea.
Consequentemente, você vai suar em bicas e vão dizer que ajuda liberar toxinas, mas não é comprovado. E aí, tem que beber bastante água para não desidratar.
Curiosidade: aqui é muito comum entrar na sauna com bebidas alcoólicas, geralmente o “long drink”.
Brinco que a sauna me deixa quentinha por dentro e me ajuda a lidar com o frio extremo. Me dá coragem para sair de casa, principalmente quando a temperatura chega nos -10 C, ou menos.
Rolou na DM
Conversando com uma amiga sobre essa história, ela me disse que foi numa sauna de um SPA, em São Paulo, e também era proibido entrar usando biquíni. Não gente, não era sauna gay.
Um drama coreano bem quente
Assistimos esta semana porque apareceu disponível com legendas em inglês na HBO Max, e a maioria dos filmes coreanos só tem legenda em finlandês e sueco. É do mesmo diretor de Oldboy, Park Chan Wook.
A história e densa e tem aquelas viradas que fazem a gente criar um monte de possíveis roteiros na nossa cabeça. Já deu vontade de rever.
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Até o próximo domingo,
Tássia
Adorei saber mais sobre a sauna finlandesa! O contato que tenho com finlandeses aqui na Suécia me diz que eles preferem saunas mistas e todo mundo nu, mas com teu texto deu pra perceber que tem muitas nuances nesse universo de vapores.
Obrigada por citar um texto da Segredos!
Grande ano novo para vc <3
Adoro ler suas aventuras e a forma como linka as coisas ❤️