MINI BLOG
Por aqui, o ano começou com tudo. Estou animada, até escrevi um texto emocionado na rede social de arrumar emprego. Após meses domando uma saúde mental arredia, fiz meta de leitura, vou desenrolar o finlandês, arrumar emprego, publicar meu tarô, fazer exercício toda semana, dirigir e outras coisas mais. Nada extraordinário — mini coisas que vão me deixar orgulhosa, feliz por realizar.
Terça-feira, dia 30, é o meu aniversário. Uma data que me deixa meio em pânico. Queria fazer algo especial, mas tô com a bateria social zerada. Acho que vou passar o dia sozinha, ir ao cinema, sauna, piscina. Pode parecer deprê, mas juro que eu amo.
Cérebro derretido
EM ALTA
A internet está até as tampas com vídeos de tarô. Parece que virou moda essa experimentação com o que não é tradicional, fora das religiões dominantes. Me agarro no corrimão para não ser engolida pelo vórtex de notícias e vídeos desesperados por atenção, mas ainda derreto o cérebro no celular. Com ele na mão — sempre em multitask — encolho a concentração e obrigo a publicidade a usar técnicas de terror para prender meu foco liquefeito. É culpa minha que as pessoas jogam coisas na tela e fazem infinitos cortes de cena.
Achava absurdo vídeo de dez minutos para ensinar como fazer uma torta de mirtilo. Até que ficou ridículo. Os ingredientes selecionados e a ocasião especial não merecem dez minutinhos de atenção?
😳
É que a gente sabe que tem vídeo de 30 segundos. Só que esses têm outro propósito. Ao invés de informar, distraem. E é por isso que aparecem nas horas menos oportunas. Furtam o foco. Cortam a conversa com um assunto nada a ver.
É só o cérebro derretendo.
Sempre considerei como passamos o tempo nas redes sociais. Sou old school e, além de usuária (ex-early adopter), trabalhei com elas desde o início, e meu tcc da faculdade é sobre memes (!).
É um loop: nossa capacidade de atenção diminui à medida que assistimos conteúdos super-rápidos. Daí, eles ficam ainda mais velozes e desesperados por atenção. As pessoas dançam, saltam e jogam coisas na tela para nos manter ali.Rolar o feed é dar tempo e espaço do HD para o que o algoritmo escolheu.
Não é necessariamente ruim. Podem surgir coisas ótimas. Adoro ver minhas amigas na praia, mas sabe como é, às vezes se perde entre as propagandas e vidas falsas de influenciadores.
Quando pego o celular e, automaticamente, vou no Instagram, não tem atenção. É só o corpo buscando uma dose cara dopamina. Caríssima.
Custa a minha presença.
É só o cérebro derretendo.
Tarô online funciona?
Pode funcionar, sim. Te explico.
Oráculos são sinais sutis do universo. A mensagem que preciso ouvir geralmente sussurra no silêncio. É que, dependendo da resposta, ela já estava se formando do lado de dentro. O tarô é lamparina, cada carta revela um recorte da história. É por isso que tarô online é inofensivo. A carta digital ilumina uma parte da questão e você reflete sobre o tema. É o que basta.
Quando não funciona
O tarô já serviu de muleta de ansiedade. Quando estava esperando o visto, tentava descobrir a data, a semana, a estação do ano que a resposta iria chegar. Nada me convencia, até porque só queria maquiar a ansiedade mesmo. Não acredito em adivinhação — é território do charlatanismo. Tentar adivinhar o futuro é passatempo ou enganação.
Esta pessoa não é sua amiga, se proteja
Se você está aprendendo, leituras coletivas de tarô podem ser úteis. É uma oportunidade de ver outras interpretações. Sou fã do horoscopinho, da Madama Br00na. E, como ela mesma diz, são brilhinhos que servem de inspiração. Acredito que é assim que leituras coletivas de tarô devem ser percebidas.
No entanto, se você se identificar com a taróloga, elas podem fazer mais sentido. Por segurança, é bom filtrar e acolher apenas o que já existia no seu coração. Gosto muito do Incandescent Tarot (em ingês), os textos bem escritos e as interpretações me deixam inspirada. Também indico a Pri Ferraz que tem um trabalho impecável, cuidadoso e riquíssimo. Ela tem um vídeo para tudo que você se perguntar sobre tarô e magia natural.
E leitura de tarô pelo WhatsApp?
Para a leitura ser sucesso, é preciso de abertura, conversa sincera e perguntas bem pensadas. A taróloga é quem te ajuda a elaborar a questão — você só precisa trazer o assunto e aí a gente combina a abordagem. Pelo WhatsApp, o resultado é um áudio ou texto com uma história que vai iluminar o que está te incomodando ou despertando curiosidade.
Mais importante do que o canal é encontrar uma taróloga com quem você se identifique. A conversa flui melhor com metáforas conhecidas. WhatsApp, videochamada ou pessoalmente — tanto faz. Já fiz leituras incríveis por áudio e teve uma vez no tete-a-tete que não rolou. A abertura do lado da consulente é essencial, do contrário, é como uma chamada que ninguém responde do outro lado da linha.
Quando não dá certo
Comprei um pacote de consultas com uma taróloga famosa no Instagram. Teoricamente, era para ter sido incrível porque ela domina a ferramenta como ninguém. Porém, errei na afinidade. Embora admirasse o trabalho dela, no fundo, não me identificava. As histórias eram distantes das minhas, o senso de humor também. Percebi que achava ela meio chata (?). Na videochamada, ficou claro que o santo não bateu. A consulta foi desmarcada diversas vezes. Quando conseguimos falar, ela não conseguiu interpretar as cartas e pediu para remarcar. Mandei mensagem dizendo para deixar ir. Não rolou. Acontece.
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Disse, lá pelo instagram, que me identifiquei com o "cérebro derretido" e aqui me explico: é que às vezes, quando tô de saco cheio especialmente do instagram, já acesso - num ato mecânico - pensando desse jeito "vou derrerter os meus neurônios agora". Aí o seu texto descreve com riqueza de detalhes como tudo acontece! Vc é genial Tássia!
Descobri o Tarot ano passado, especificamente o de marselha. Li o livro "Jung e o Tarô" e mudou minha percepção sobre as etapas arquetípicas da vida. As cartas contêm muuuuita sabedoria antiga - e são iluminações, percepções que já estão pairando no ar e nos fazem perceber as coisas de forma diferente. Também não acredito em adivinhação, mas em a gente conseguir perceber o que ocorre e cocriar a vida <3 Pra isso, as cartas são incríveis!
E tenho pensado muito sobre para onde vai a minha atenção nas redes sociais. Instagram virou quase o botão automático quando desbloqueio a tela do celular. Socorro!