Se conformar pode ser um ato de desobediência
Essa vai para quem perdeu as últimas edições
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Este é um resumo para quem perdeu os últimos capítulos do Brunch. Hoje é domingo, então relaxa esse maxilar. Depois afasta os ombros das orelhas. Respira fundo.
Agora, sim.
Eu não julgo muito os temas que escrevo aqui, geralmente eles se formam na minha cabeça durante o banho e eu saio correndo para escrever um rascunho. Depois, escrevo de fato. O processo da escrita é mais complexo do que simplesmente sentar para escrever. Reparando agora, as ideias que nascido debaixo do chuveiro estão cada vez mais próximas de tarô, bruxaria e mulheres. Um reflexo de quem sou e das coisas que eu amo. Amo leitura de tarô e feitiços simples para o dia a dia e também me questiono politicamente, porque as práticas mágicas me remetem a pensar assim, veja só. Sigo estudando e pensando numa engenharia reversa do patriarcado, porque a vontade de desmantelar nunca passa.
Talvez por isso sonho em ser bruxa. Invejo até mesmo as vilãs. Porque toda bruxa tem algo de rebelde, subversivo. Elas cruzam uma fronteira que não é permitida às mulheres. Não querem ser boazinhas e não existe bruxa boa. Bruxa é desobediente, fora da lei. É a esposa rabugenta que não tem paciência de cuidar nem de marido, nem de filhos, nem das pessoas que precisam ser cuidadas. É a mulher que não abaixa a cabeça ou que não esconde seus desejos. Invejo essa mulher que foge a regra, que incomoda, que não se deixa domesticar, não pode ser adestrada.
Ainda sobre estruturas patriarcais e bruxaria, recentemente, me surpreendi com algo que nunca pensei antes. Ouvi Phyllis Curott falando no Between the Worlds sobre como há uma atitude patriarcal na forma de usar a natureza para alcançar o que desejamos. Eu sempre entendi que — como o Mago, arcano 1 do tarô — deveríamos manipular as energias (ervas e outros instrumentos) com a intenção de que algo se realize. Intenção, manipulação & criação. Phyllis provoca dizendo que esse é o jeito patriarcal de pensar o mundo. A civilização tem seguido essa lógica e mudado o curso da natureza sob o argumento de“progresso”. O resultado tem sido catastrófico para o planeta. Estamos destruindo tudo. Ela propõe uma prática que busque fluir com as energias da natureza e ouvir atentamente o universo. Essa ideia muito mais feminina e respeitosa de pensar as nossas práticas me encanta.
Be happy
Quando estava saindo do mercado esses dias, me peguei pensando como a vida poderia ser melhor se simplesmente me contentasse com o que tenho hoje sem medo de parecer conformada. Afinal, tudo pode ir de mal a pior, com um simples clique de pensamento — ou uma foto no Instagram de alguém que parece estar muito melhor que você, aproveitando mais a vida, realizando os sonhos. É por isso que a gente precisa de…
Clareza para driblar as mini ciladas que disparam a sensação de que viver é desconfortável. Ou que me confundem, achando que não gosto mais de sair, de dançar, de abraçar pessoas queridas. Puro cortisol em desequilíbrio.
Esse texto é o que tem mais likes na história do Brunch.
Propor felicidade como escolha pode ser crueldade. Este é só um lembrete para checar se ela está disponível e não deixar que a nossa mente capitalista obcecada por melhorias e crescimento atrapalhe o fluxo. Se conformar pode ser um ato de desobediência, pense nisso.
Só as bruxas enxergam na escuridão
Acho que o que chamam de conformismo muitas vezes é um poupar energia. Não dá pra viver minimamente bem com o alarme de alerta ligado o tempo todo, é preciso momentos de respiro, mesmo que tudo ao redor esteja no modo procedência duvidosa....